Repensar o papel da mídia no atual cenário político do Brasil tornou-se essencial para compreender a origem da grave crise política que se instaurou no país. Na última quarta-feira (27), a Universidade Federal Fluminense (UFF) promoveu o debate ‘A midiatização da crise, o colapso ético da política’. O encontro lotou o teatro do Centro de Artes da UFF e trouxe à tona a necessidade de mais espaços de diálogo com a população sobre o momento político do Brasil.
O evento contou com a participação da professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Ivana Bentes; do cientista político, Gisálio Cerqueira; do historiador, Adriano Freixo e da jornalista e pesquisadora, Sylvia Moretzsohn. Os palestrantes fizeram análises das conjunturas nacionais e internacionais que favoreceram o agravamento da crise política do país e foram duros nas críticas quanto à cobertura jornalística dos grandes meios de comunicação e ao abandono do projeto político que reelegeu Dilma Rousseff.
Um ponto que teve destaque no encontro foi o papel da mídia independente e livre na construção de uma contra narrativa ao discurso dominante nos grandes veículos de comunicação. À Pulsar Brasil, Sylvia destacou a importância da mídia independente neste cenário, mas ressaltou que estas iniciativas não conseguem fazer frente ao discurso dominante e que, para isso, é fundamental a democratização da comunicação e regulação da mídia.
Ao longo de 13 anos do governo do PT, houve pouco avanço no investimento de políticas públicas que incentivassem à mídia livre e independente e trouxessem um novo marco regulatório dos meios de comunicação. Claramente em segundo plano pelo governo federal, o Ministério das Comunicações tem sido utilizado desde o mandato de Lula como moeda de troca para a base aliada do governo.
À frente da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultura do Ministério da Cultura, Ivana Bentes também reconhece a falta de investimento na comunicação que se contrapõe à mídia hegemônica e vê isso como um sério problema.
Segundo ela, é necessário implantar um plano nacional de mídia livre dentro do Ministério das Comunicações que garanta a sustentabilidade destas iniciativas. Ivana afirma que a ideia central deste plano seria a democratização das verbas de publicidade do governo federal que hoje são injetadas, em grande maioria, nos meios de comunicação tradicionais. (pulsar)