Redação
No dia 15 de fevereiro de 2022, a cidade foi atingida por fortes chuvas que provocaram o alagamento de ruas, transbordamento de rios e deslizamentos de terra em diversos bairros. Mais de quatro mil pessoas ficaram desabrigadas e 241 morreram contabilizando as chuvas de fevereiro e março.
Nesta quarta-feira, em diferentes pontos da cidade foram promovidos atos em homenagem à memória das vítimas. A Prefeitura de Petrópolis chegou a decretar luto oficial de três dias. Porém, além do luto, os manifestantes nas ruas cobravam medidas concretas do poder público, como o pagamento de aluguéis sociais e a realização de obras emergenciais prometidas há um ano.
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De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), das 136 localidades que precisavam de obras, 113 ainda estão sem previsão. Embora reconheça as ações executadas até o momento, o MP destaca que as áreas mais sensíveis continuam sem a atenção devida.
O Morro da Oficina, por exemplo, que fica no bairro Alto da Serra, foi um dos locais mais impactados pela tragédia em 2022, com cerca de 80 casas atingidas. As obras de contenção e drenagem no local só foram iniciadas em janeiro deste ano. No bairro Chácara Flora, os próprios moradores tiveram que se organizar para construir um desvio para as águas da chuva.
Na última terça-feira (14), a cidade voltou a registrar chuvas fortes. As sirenes em áreas de risco foram acionadas, dois rios transbordaram, e a prefeitura abriu pontos de apoio para receber moradores.
Ações
De acordo com a prefeitura, 48 obras de médio e grande porte foram concluídas no último ano, 41 estão em andamento e outras 40 estão em fase de licitação. Ainda segunda a prefeitura, as primeiras obras tiveram como objetivo restabelecer a mobilidade nas ruas da cidade. O próximo passo será intervir nos principais pontos dos desastres, como o Morro da Oficina e a Vila Felipe.
Em relação às ações do Governo do Estado e do Governo Federal após a tragédia, o prefeito Rubens Bomtempo (PSB) afirmou, em texto publicado na Tribuna de Petrópolis, que “ficou evidente a necessidade de cooperação entre os entes federados”.
“No caso do Governo Federal, infelizmente não podemos dizer que houve parceria. O ex-presidente se contentou em apenas sobrevoar a cidade. Não pisou o pé na lama. E não cumpriu com a palavra. Prometeu R$ 2 bilhões para as cidades atingidas pela chuva em todo o Brasil, mas deixou cerca de R$ 30 milhões para a cidade, valor absolutamente insuficiente. Como a cidade não pode esperar, fizemos essas intervenções com recursos próprios”, pontuou.
Em outro trecho, em referência ao Executivo estadual, o prefeito acrescenta: “Esperamos, ainda, que o governador não se esqueça do segundo lote de obras prometido pelo Estado, e cujas licitações foram extintas”.
Sobre o aluguel social de R$ 1 mil concedido às famílias desabrigadas, o Governo do Estado do Rio de Janeiro informou que, em 2022, foram pagos mais de R$ 17 milhões em benefícios. Contudo, 111 pessoas tiveram o pagamento suspenso por problemas no cadastro. De acordo com o governo, foi identificado que os supostos beneficiários teriam renda maior que três salários mínimos.
Tragédia
No dia 15 de fevereiro de 2022, em apenas seis horas choveu em Petrópolis o volume esperado para todo o mês. O índice pluviométrico alcançou 260 milímetros. Foram registrados 775 deslizamentos e 234 pessoas perderam a vida.
Pouco mais de um mês depois, no dia 20 de março, novas chuvas atingiram a cidade e fizeram mais sete vítimas, elevando o número total de mortes da tragédia a 241.
Neste ano, além da Região Serrana, a Região Metropolitana do Rio de Janeiro também ficou em alerta com as fortes chuvas das últimas semanas. Na segunda-feira (13), foram acionadas sirenes em áreas de riscos da capital e das cidades de Niterói e São Gonçalo.
* Com informações da Tribuna de Petrópolis, Agência Brasil, O Dia e G1
Edição: Jaqueline Deister