“Não podemos ficar parados. Basta de destruição, dor e vergonha! Não podemos deixar que o inaceitável se torne natural.” Estas são as frases que abrem a “Carta aberta à gente brasileira: Por uma Frente de Resistência e Reconstrução Nacional”.
Publicado ainda em janeiro deste ano pelo Núcleo de Reflexão e Ação “Todos pelo Bem Comum”, o documento é assinado por mais de 150 ativistas e organizações sociais e foi apresentado na edição virtual do Fórum Social das Resistências (FSR) 2022. De acordo com o texto, o presente cenário nacional de fome, violência e desemprego somado à “dolorosa lembrança dos que perderam a vida na pandemia como resultado das ações e omissões do governo Bolsonaro” tem desafiado a população brasileira a “seguir resistindo com toda energia e iniciar imediatamente um grande esforço de reconstrução do Brasil”.
Entre os autores da carta estão o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e vencedores do Prêmio Right Livelihood como o teólogo Leonardo Boff, o arquiteto Chico Whitaker e o bispo católico Dom Erwin Kräutler. Também conhecido como “Nobel Alternativo”, o Prêmio Right Livelihood existe desde 1980 e é entregue todos os anos a cidadãos e organizações de vários países que se destacam na luta pela paz, democracia, igualdade, justiça social e respeito pelo ambiente
Reconstrução
Como primeiros passos para a construção da chamada Frente de Resistência e Reconstrução Nacional, o texto da carta elenca 15 ações iniciais.
Entre elas destacam-se: a cobrança de autoridades públicas como o Procurador Geral da República e os presidentes da Câmara e do Senado pelo acolhimento de denúncias e a consequente abertura de processos de impeachment contra Bolsonaro; a exigência de uma renda mínima imediata e de reparação financeira às famílias afetadas pela pandemia; e o apoio à formação de uma Frente Parlamentar capaz de bloquear projetos de lei, emendas constitucionais, medidas provisórias e decisões do Executivo que ponham em risco o meio ambiente, as instituições democráticas e os direitos sociais da população brasileira.
A lista de ações também prevê a busca por apoio internacional às atividades da Frente e a criação de “Plenários de Resistência e Reconstrução Nacional”, tal como os “Plenários Pró-Participação Popular na Constituinte” organizados em diversas cidades durante a década de 1980.
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Em video produzido para a apresentação da carta no Fórum Social das Resistências, o teólogo e ativista Leonardo Boff falou sobre os objetivos que devem nortear as ações da frente política:
“Nós queremos um Brasil que seja justo, que inclua a todos e que defenda fundamentalmente a vida humana e toda a vida da natureza, que não pode ser devastada da forma como está sendo feita, de forma criminosa”, afirma Boff.
Representante da Associação dos Juízes para a Democracia (AJD), a juíza federal Claudia Maria Dadico também participa da gravação e reforça que o esforço em torno da criação de um “amplo projeto de reconstrução nacional não só se faz necessário como urgente neste momento que o Brasil atravessa”.
“A desigualdade tem atingido níveis inimagináveis e, com isso, toda uma rede de serviços públicos e políticas públicas foi destruída sem que nada fosse colocado em seu lugar. A revogação da reforma trabalhista é um excelente começo, mas é necessário muito mais. É necessário reconstruir um país para todos, mas principalmente para os mais vulneráveis. É preciso deixar de governar apenas para os mais ricos”, conclui a juíza.
A “Carta aberta à gente brasileira: Por uma Frente de Resistência e Reconstrução Nacional” está disponível na Plataforma Candeeiro e segue aberta a novas adesões de pessoas físicas e organizações socais.
O vídeo com a apresentação da carta pode ser acessado através do perfil da plataforma no Youtube.